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terça-feira, 1 de outubro de 2013

The good, the bad and the unhealthy

Tenho pensado muito em relacionamentos abusivos nos últimos dias. Não só relacionamentos românticos (que não são minha praia), mas principalmente amizades abusivas.
Eu costumava ter um monte delas. Eu sempre fui a amiga que todo mundo monta, ofende e abusa, mas eu nunca tinha parado pra notar isso até pouco tempo atrás. Ao longo do tempo, as pessoas me deixaram, ou eu deixei as pessoas - em geral elas me deixaram primeiro - e vejo que hoje me restaram muito poucas amizades.
Vejo tb que estou melhor sem aquelas pessoas.
 Vejam, eu reluto em admitir isso pq parece recalque, parece que to desdenhando das uvas verdes da raposa. Mas é verdade. Dia desses, falando com a ana paula, ela mencionou o quão mal eu ficava alguns dias, na época do R. E é verdade, quem me conheceu naquela época, tem noção do quão fundo de poço foi. Nas palavras de Rachel Green, there's rock bottom, 50 feet of crap, then me.
Eu ainda me sinto assim na maior parte do tempo, mas é diferente agora.
Enfim.
A coisa é que, pensando no assunto - e hj em dia eu admito o quanto o meu "não-relacionamento" com ele me fez mal - eu percebi que ele não era o único. Não era a única pessoa que eu precisava cortar da minha vida. Não era a única pessoa que, depois que foi, me deixou sentindo mais leve.
É engraçado pq em todos os casos, foram amizades as quais eu me agarrei de verdade, com todas as forças, e não queria deixar ir. E só qdo comecei esse post percebi bem o pq.
Pq me destruia, e eu amo tudo que me destroi.
~Jace Wayland feelings~
Não é amor, claro, mas eu sou obcecada em me prender em tudo que me destroi, no caso.
Amores, amizades. Anna e mia, cortes, depressão. Me diziam antigamente (Quando eu era ruim de fingir que tava tudo bem) que eu gostava de ser miserável, que eu gostava de estar deitada no chão pra me pisarem e que isso era incompreensível. Acho que tinham razão em um certo ponto, mas não completamente.
Veja, gostar de estar miserável e querer estar miserável são coisas diferentes. Eu nunca gostei de verdade de nenhuma dessas coisas. Mas isso não significa que queria me livrar delas. Eu queria sim, e muitas vezes ainda quero, continuar me refestelando no sentimento de miséria e de culpa, me odiando e me culpando e me agredindo. Eu achei que era a coisa certa, e me fazia sentir bem em uma medida, justamente por me fazer tanto mal. Pq eu sentia que eu merecia e que, me odiando, eu estava me redimindo.
Deixa eu fazer uma analogia pra quem não tá entendendo patavina (embora eu ache que, se vc está lendo um blog chamado "pro anna bunny", deve saber um bocado sobre self-hate). Tem um episódio em Os Simpsons, onde o Bart perde um jogo de baseball (não sei oq exatamente ele perde pq não entendo do jogo) mas a cidade toda começa a odiá-lo. A rejeição deixa ele tão surtadinho que, um belo dia, ele sai pichando a cidade com os dizeres "eu odeio bart simpson" e quando as pessoas o pegam fazendo isso, ele grita "Viram, eu me odeio também, igual a vocês! Podemos voltar a ser amigos agora?"
É meio que isso, sabe? Eu tenho certeza que eu mereço o mal que faço a mim mesma. Tenho certeza que, quanto mais eu me destruo, mais estou expiando algum pecado que cometi e não sei bem qual é, e mais eu fico livre pra... sei lá. Morrer em paz? Ir pro céu? Ser deixada em paz na inexistência?
As vezes me pergunto em que os abusos que sofri me colocaram nessa situação também.
Eu não quero ser definida pelos abusos.
Eu não quero ser definida pelas minhas doenças mentais.
E no entanto, quando menos espero, me pego pensando.
Será que o R. se afastou pq ele era um babaca que não ligava pros meus sentimentos ou pq eu fui uma vaca o tempo todo? Se ao menos eu tivesse ficado quieta.
Será que aquele parente me molestou mesmo ou eu imaginei coisas quando criança? Se ao menos eu tivesse trazido o assunto a tona na ocasião.
Será que a fulana e a ciclana se afastaram por serem bitches sem consideração ou fui eu que as afastei porque não cresço nunca, tenho (25 com mentalidade de 13)? Se ao menos eu tivesse sido melhor em fingir não estar deprimida, já que sou lerda e incapaz de me livrar desse sentimento de verdade.
Será que aquilo foi estupro mesmo, ou o cara não entendeu minha recusa? Se ao menos eu não tivesse saído aquela noite e ficado em casa chorando com meus chocolates.
Será que eu sou doente mesmo, ou será que sou só burra, incompetente, incapaz? Se ao menos eu me esforçasse mais.
Todas essas coisas, por mais diferentes que sejam em contextos, tiveram o mesmo resultado em mim:
me deixaram marcada e com mais cicatrizes por dentro do que por fora, mas mais que as agressões emocionais, o que me machuca sou eu mesma: essa dúvida devoradora que não consigo definir se eu realmente sofri e
estou tendo a reação humana normal às coisas ou se eu sou uma vadia reclamona que devia engolir e superar.
Claro, racionalmente, eu sei a resposta. Eu prefiro me culpar. Eu tenho todas essas reações porque sou humana, e esse é meu jeito de lidar. Assim: colocando a culpa em mim mesma, eu torno essas coisas ruins que aconteceram comigo minha responsabilidade, algo pelo que eu sou culpada, e que cabe a mim consertar - ou, em caso de não poder consertar, é a mim que tenho que punir pra cumprir uma sentença.
São coisas que são MINHA responsabilidade, minha culpa. Não coisas que fizeram pra mim. Pq se são coisas que fizeram pra mim, que não são minha responsabilidade, não tenho controle algum sobre elas, e não posso fazer nada a respeito além de sofrer e/ou seguir em frente. E não acho que eu seja forte o suficiente pra alguentar, então passaria a vida sofrendo. E esse acaba sendo meu jeito de seguir em frente: dizer pra mim mesma "a culpa é minha e tenho que lidar com isso" funciona pq aí eu tenho como me obrigar a seguir em frente mesmo morrendo por dentro.
O assunto gira, gira, gira, mas sempre volta ao controle. Pq eu não tenho fucking controle de nada na vida parece.
Enfim, eu devia fazer uma conclusão inspiradora ou horrivelmente depressiva mas vou ficar por aqui.
Coisas sem conclusão nem sentido, é meio q um retrato da minha vida.
Em tempo, eu tava falando de abusos, em parte pq o livro q to lendo agora me trouxe um bocado de lembranças. Eu acho o livro muito importante pra todo mundo no mundo, mas só saiu agora no Brasil. Chama "Fale!" da autora de "Garotas de Vidro", e se vcs tiverem preguiça de ler (não entendo, mas entendo) tem o filme de 2004 com a Kristen (diva) Stewart (saiu no brasil o filme com o nome "O Silêncio de Melinda"). É sobre tristeza, e sobre se calar sobre tudo que nos mata por dentro e sobre abusos, e sobre como a vida é uma grande MERDA muitas vezes, e como as vezes a gente só pode falar e por pra fora mesmo que ngm escute pq senão a gente morre por dentro. Eu to lendo de hipócrita pq tudo que me mata por dentro, vai continuar me matando e eu não vou fazer nada sobre isso, além de escrever em um blog escondido nos confins da internet sob um pseudônimo, e sempre em meios códigos.
Mas acho importante passar a mensagem pq talvez vcs não sejam como eu e talvez a solução pra vcs seja falar mesmo, e por pra fora tudo que lhes machuca por dentro.
(Trigger Warning/Aviso de Conteúdo: o livro/filme fala sobre abuso sexual, bullying e depressão)
Enfim. Já falei demais. Sorry for anything.

1 comentários:

Marcy! disse...

Temos muita coisa em comum. Dois trechos da tua postagem que eu poderia escrever, e tenho algo para falar sobre, são os seguintes:

"e hj em dia eu admito o quanto o meu "não-relacionamento" com ele me fez mal."
Isso aconteceu comigo, e putz, sofri horrores. Na semana passada consegui contar pro cara o que eu sentia, ou sinto, e isso tirou um peso das minhas costas, mas esse não-relacionamento me fez muito mal.

"Será que aquele parente me molestou mesmo ou eu imaginei coisas quando criança? Se ao menos eu tivesse trazido o assunto a tona na ocasião."
Não sei como tu reagiu na ocasião, mas eu fiquei quieta, não contei pra ninguém. Há alguns meses ensaiei contar pra Lovely, não consegui... dia desses contei pro meu melhor amigo, e contei porque cheguei a conclusão de que isso me impede de ter relacionamentos, incluindo meu não-relacionamento.

Me sinto abusada a cada toque... e não sei como mudar isso.
Se descobrir, me fale.

Vou comprar esse livro que tu comentou já já. Garotas de Vidro me prendeu total, e infelizmente, eu não assisti O Silêncio de Melinda, mas ainda dá tempo.