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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Spiraling down

Tem horas que odeio muito meu corpo. Tenho vontade de vomitar e nunca mais voltar a comer. Mas é difícil demais quando meu único conforto está na comida e na leitura. Se eu estiver fazendo uma das duas, coisas, consigo me manter sã. Em geral, se estiver lendo, esqueço de comer - e de dormir, e de fazer qualquer coisa. Mas não posso ficar lendo enquanto faço coisas de adulto funcional - levantar, pegar onibus, trabalhar - então fico comendo - sem fome, sem vontade, apenas pra que o tempo passe.
Fico cada vez mais fechada dentro de mim. Não sinto necessidade de falar com as pessoas se elas não falarem comigo. Aliás, nem que falem, não sinto vontade de responder. Parece que toda vez que faço um esforço em interagir com as pessoas elas nunca podem responder, então quando elas podem, eu perco a vontade. Mais que isso, perco o interesse. Da lista de coisas que só posso falar aqui: eu perco o interesse fácil nas pessoas. Eu simplesmente não me importo. Como se houvesse um interruptor. Eu posso te amar e me preocupar demais com vc e fazer qualquer coisa pra te compensar do fato de que sou uma merda de amiga. Então, de repente, vc deixa de ligar, ou faz algo q me deixa louca (tipo invalidar meu feminismo que é a ÚNICA coisa sobre mim que me orgulha) e o interruptor desliga e eu deixo de me importar at all. Só o que fico sentindo no lugar é mágoa. Mágoa mágoa mágoa. Tudo que era um presente dado com prazer se torna uma obrigação cumprida pra se tornar mais um item de ressentimento. E eu vou me afastando, silenciando, e muitas vezes as pessoas não percebem. E se percebem resolvem "respeitar minha decisão", pq não querem lidar. Mas se quisessem, acho que não haveria chance.
Uma coisa que pouca gente sabe sobre oq houve com o R. foi isso - eu já estava nessa fase de me afastar sozinha. Mais um tempo e... teria sido sem drama, mas fazer oq. Ele fez então a única coisa que me manteria presa a ele por tanto tempo quanto manteve - ele me chutou primeiro. E eu fiquei louca como fiquei, despedaçada, desesperada.
Ah, eu achava que era amor e saudade e até doença.
Hoje sei que não sou uma pessoa boa, pra ter esse tipo de sentimento.
Foi birra. Criancice. Foi não aceitar que ele fizesse isso comigo. Porque esse afastamento tinha que ser decisão MINHA. Eu tinha que dar a última palavra. Foi só por isso que, por tanto tempo, eu insisti tanto em perseguir algo que nunca esteve ao meu alcance: eu queria pegar as uvas pra poder dizer que estavam verdes.

Me pergunto se a sociopata sou eu, se não sou eu que manipulo as pessoas tanto, se eu tenho sequer algum sentimento, pq eu tão raramente me importo com as pessoas que me assusta. Sempre, sempre, sempre que me importo tenho certeza que posso cavar um pouco o sentimento pra achar a razão verdadeira e vai ser uma razão egoísta. Tento não olhar muito pr'esse lado. Eu legitimamente sorrio, feliz, quando noto que a tristeza de um amigo me chateia, chateia de verdade, e não tem uma parte da minha mente pensando noq eu ganho ou perco com aquilo.
Dia desses falei pro meu psiquiatra q não me importo com as pessoas e vi que pela primeira vez ele ficou sem palavras. E essa é a linha, essa é a linha invisível que não quero cruzar na terapia, de tanto medo que tenho de descobrir que não tenho problemas, que sou só uma pessoa ruim.
Mas claro, eu acredito nisso, já. Só não quero confirmação médica.

Eu desisti, simplesmente. Eu fico tentando ter esperanças em relação ao meu livro, mas quando as coisas dão errado, eu penso "eu devia ter imaginado. Eu mereço isso. Mereço tudo de ruim que me aconteça e devia saber que não ia dar certo." Isso faz com que eu me feche mais fundo dentro da concha, sonhe menos, tente menos, me decepcione menos.

É difícil explicar pra quem tá de fora. Eu não consigo nem dizer que me odeio, pq ódio é uma emoção forte demais. Eu me desprezo. Me detesto, me acho fraca, horrorosa, gorda, patética. Se tivesse a opção, ficaria o mais longe possível de mim. Sou o tipo de pessoa que eu evitaria em qualquer contexto sem pensar duas vezes e sem remorso. O único motivo pra eu não me matar é que sei que isso acabaria com minha mãe. Uma garota que morava com a mãe lá perto de casa foi assassinada e minha mãe ficava dizendo que não conseguia parar de pensar em como a mãe da menina se sentia. E eu ouvi as palavras não ditas "Eu me sentiria assim se fosse com você."

Tem sido cada dia mais difícil, no entanto, esse fingimento todo. Agir como uma adulta racional, normal, funcional. As vezes eu só quero gritar e bater a cabeça na parede. As vezes eu tenho blackouts e fico olhando pra parede sem ver nada. As vezes, como hoje, eu choro e gemo escondida pra não surtar, pra deixar vazar pelo menos um cadinho da agonia que é conviver comigo mesma. As vezes me tranco no banheiro e me estapeio, usando todas as forças humanamente possíveis pra não me cortar nem vomitar, pra não haver mais marcas vísiveis da minha insanidade.
Se eu tivesse opção, seria uma hikikomori. Não sairia do meu quarto nunca, a não ser pra usar o banheiro e tomar um banho. Se pudesse trabalhar de casa, continuaria sustentando a casa e pagando as contas e comprando as coisas pra minha mãe. Poderia perfeitamente viver minha vida assim. Longe de qualquer outro ser humano. Seria melhor, seria mais fácil. Seria bom pq não teria mais que ver nem falar com ngm, nem me comparar com ngm e lembrar o quanto sou babaca e patética. E ruim. O quanto sou ruim. Quando estou sozinha, só eu, a internet e os livros (e a comida, mas acho q aí nem comeria tanto), me sinto menos patética pq esqueço de mim. Pq ali só existem os personagens que leio e que crio, e esqueço. Eu não existo naqueles momentos. Só estou absorvendo oq as mentes de pessoas melhores que eu criaram. Ou mesmo vivendo nas fantasias idiotas que eu mesma criei. Mas eu mesma, essa pessoa gorda, feia, burra, egoísta, ruim, essa não existe. Priscila não existe. Bunny não existe. E quando não existo, mesmo que temporariamente, é que estou mais feliz.

1 comentários:

Marcy! disse...

"E quando não existo, mesmo que temporariamente, é que estou mais feliz."

Me define.
=/