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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Curioser and Curioser!

Hoje está sendo um dia estranho.
Eu e a E. estamos no mesmo grupo para um trabalho de literatura. A E. é uma menina muito legal e excepcionalmente inteligente - eu sei que tenho a tendencia de achar todo mundo excepcionalmente inteligente e sempre mil vezes mais do que eu que não sou nem um pouco, mas ela é mesmo (aquele tipo de pessoa que está disposta a fazer quase uma tese de mestrado em cada trabalho proposto e lê textos teóricos por diversão). Ela disse que precisava falar comigo no meio da aula em que cheguei atrasada (mas como havia respondido chamada já não me preocupei muito). Fui lá pra ela me dizer que estava tão empolgada com a pesquisa do nosso trabalho (que eu mal comecei, apesar da apresentação ser na próxima quarta) que acabou acidentalmente incluindo minha parte no handout. Não que eu ligue, mas tenho que apresentar algo, então disse a ela que ficariamos com um handout só e eu falava aquela parte. Perguntei humildemente se podia usar as referencias dela pq não achei nenhuma (ou simplesmente, não procurei com o mesmo afinco que ela, talvez).
Daí apareceu a D., saindo da mesma sala, revoltada com um colega de turma que chegou superatrasado pra própria apresentação colocando as pessoas do seu grupo numa situação chata. A D. e a E. são bem amigas e eu, como vcs sabem....
Bom, eu sou a Carrie.
Daí que fiquei me sentindo uma intrusa na conversa das duas, mas eu realmente precisava falar com a E. Nunca gostei muito da D., principalmente pq uma vez ela foi grossa comigo e nem deve se lembrar, mas tb pq ela é tão inteligente quanto a E. e acho que sabe disso (o que faz ela me parecer meio arrogante). A E. por alguma razão, assim como a D. me chamaram pra ir sentar com elas em outro lugar pq ali a gente tava de pé do lado da porta e podia estar atrapalhando. Me chamaram pra sentar lá com elas e meio que me incluiram na conversa  (mais por educação, e isso eu sei pq falavam coisas paralelas mas olhavam pra mim como se eu soubesse do que estavam falando). Eu tb fiquei ali sentada como se participasse por educação - pq ngm nunca me inclui mesmo, mas demonstrar isso me faria parecer mais esquisita e doida ainda. Me senti esquisita, muito esquisita sentada ali - principalmente quando alguém falou que se cortou de angustia por causa da faculdade. Eu ri baixinho, dizendo que era por isso q tava sempre de mangas compridas, e a pergunta foi "mas teus problemas foram no ensino médio, não?" Eu disse que meus problemas foram a vida toda e continuam sendo, mas não disse com essa clareza pq estava envergonhada - esqueci de todas as vezes que ergui as mangas da blusa na sala ou mesmo fui de regata. Eu esqueço das minhas cicatrizes, muitas vezes, pq elas já são parte da minha auto-imagem. Eu esqueço que elas são algo anormal.
Pulamos todas de lá as 11hs, pq tinha gente saindo da aula e nossas bolsas estavam lá. Elas foram embora e eu fiquei pra falar com a professora, me sentindo até meio aliviada.
Aí vcs falam, ok, Bunny, vc é estranha. Sua vida toda vc foi colocada de lado e quando as pessoas falam com vc vc quer q elas não falem? E eu tenho q dizer q é isso tb. Eu não pude deixar de lado a lembrança de quando eu tinha uns 10 anos e minha mãe foi na novena com duas mulheres que tinham filhas da minha idade. As meninas eram amigas e uma delas disse pra mãe: "Mãe, será que na próxima novena eu não posso chamar a Bunny e a J. pra brincar lá em casa?" e as mãe riram e disseram algo que eu não me lembro. Fiquei feliz quando cheguei em casa por ter sido convidada pra brincar na casa da menina, q até onde eu sabia nem lembrava da minha existência. Minha mãe então olhou pra mim com um olhar que era meio de pena e meio de irritação e disse: "Bunny, preste atenção. Ela não gosta de vc. Ela te convidou por educação. Ela na verdade queria chamar só a J., mas como vc estava lá, ela não teve escolha."
Eu sei que algumas pessoas vão achar que ela foi cruel em me dizer isso, e por mais que tenha doído - e ainda dói, pra ser sincera, vcs devem ter reparado que eu nunca esqueci dos meus traumas de infância - ela me fez um grande bem em me dizer isso - assim eu comecei a aprender que eu não devia cair na conversa de que algumas pessoas me queriam por perto, as vezes era só pena, e assim me poupei de ser a chata de quem as pessoas tem pena e fica colada nos outros por falta de amigos. Bom, na maioria das vezes acho q percebo, espero.
Bom, mas mudando de saco pra mala, não foi só por isso que o dia foi estranho.
Estava vindo trabalhar na fissura dos ultimos dias que consiste basicamente em "meu-deus-preciso-comer-não-não-vou-comer-mas-se-for-algo-pequeno-e-se-eu-comer-demais-a-noite-claro-que-vou-comer-demais-nem-que-coma-agora-mas-só-um-doce-dane-se-vai-salgadinho-e-doce-e-refri-de-uma-vez" e acabei por comprar dois pães de mel aqui do lado do trabalho - um com recheio de beijinho e outro de brigadeiro. Cheguei, sentei comi e estou pensando na próxima refeição.
Eu devia ter ficado chocada com os 60kg mas fiquei mais chocada com os pães de mel. Pq tenho me lembrado de como eu fugia da comida incessantemente e agora pular uma refeição me parece absurdo.
Isso fez o dia parecer surreal.
Eu não vou fazer planos de emagrecimento pq sei q não consigo começar uma dieta do dia pra noite. Se eu to comendo tipo 3000kcal por dia e resolvo q só vou comer 200kcal amanhã vou me frustrar. Números pra mim só na balança, nunca tive muita habilidade de controla-los.
De modo que vou fazer o seguinte:
Vou começar cortando essas besteiras. Eu transformei o mantra do "mas só dessa vez pq to com vontade" numa regra gorda. Não vou comer fora das refeições - só de pensar parece que eu vou morrer mas já deu o tempo da gordice. Quando me acostumar diminuo o tamanho das refeições - baby steps.
Eu vou agora pq preciso ir pra casa - fazer uma refeição de verdade. Tentarei visita-las nesse fds.
Beijos!

4 comentários:

Claymore disse...

Jesus, sou exatamente desse jeito. Sempre acho que estou atrapalhando e sempre invento alguma desculpa pra cair fora pq eu nunca aguento me sentir desse jeito. Geralmente eu finjo uma ligação no celular, eu programo o despertador pra dali a 3 min (o despertador tem um toque de chamada mesmo hehehe) e eu finjo que tem alguém me chamando pra algum lugar e me mando.. Pra mim é a pior coisa do MUNDO me sentir descolada no meio da conversa dos outros. Dia desses eu estava com as meninas do meu grupo de trabalho de metodologia (eu nem queria estar nesse grupo pq não as conheço, mas sobrei e fui encaixada lá, pra meu desgosto) e elas são do tipo normais sabe. Mas elas ficam lá falando sobre cabelos e roupas e meu sinto um peixe fora d´água. Aí nesse dia elas começaram a falar sobre sexo e namorados, agora voce pense num assunto que me deixa desconcertada é esse. E eu nao podia simplesmente ir embora pq tinha a merda do trabalho pra fazer. Aí elas lembram que eu to ali e ficam me perguntando coisas, acho que pra me provocar sabe.. aí eu tenho que fingir que nem sabia do que estavam falando, que estava viajando na maionese, mas por dentro com todas as minhas forças eu queria sumir. Bem, se te serve de consolo, isso acontece comigo o tempo todo, mas acho que as pessoas nem pensam isso, que voce é maluca ou sei lá o que, que é estranha, deve ser como acontece comigo - eu acho isso e automaticamente acho que as pessoas pensam isso tb, como se fosse óbvio. Que vida né.
Bjs ♥♥♥

Claymore disse...

eu quis dizer me sentir deslocada hahahaha! e não descolada, senão eu tava bem né!!!!!

vida de ana disse...

E complicado!!!sempre me senti excluida da "sociedade". mas vc parece tao comunicativa e eu acho que vc nao e chata nao.o seu blog e otimo sempre fala o que nos sentimos.eu tambem sempre esqueço as minhas cicatrizes e levanto a manga da blusa, o pior e meu calcanhar e tento colocar uma sandalha.parece que todas as pessoas sabem que eu quero sumir o tempo todo e me trancar no meu quarto. mas nao podemos desistir de viver temos que trabalhar e estuar e esperar TUDO MELHORAR!!
bjus e forças

Anônimo disse...

Noutro dia eu estava conversando com um amigo e ele não entendeu o motivo do meu temperamento ter mudado tão de repente.
Traumas vieram à mente. Na verdade, não acho que iremos encontrar a "cura" num divã. Tal a superação venha de nós mesmas, quando deixarmos o papel de vítima e tirarmos força das situações pelas quais passamos e sobrevivemos.
E você é TERRIVELMENTE inteligente. Saiba disso. E pratica a leitura mais que o Woods pratica golf.

Desculpe a demora em vir, mas ando tão ocupada... E estou sem net em casa no momento. ¬¬

=***